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Lost Odyssey
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E3 2007
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Criadora: Mistwalker

Distribuidora: Microsoft Portugal

Género:Role Playing Games

Data de Lançamento: 29/02/2008

 

 

 
 
Lost Odyssey tem início como um pequeno doce para os nossos sentidos. Quase conseguimos “sentir ” o talento do "pai" da série Final Fantasy, Hironobu Sakaguchi, a colidir violentamente com a genialidade musical de Nobuo Uematsu. Uma junção que, em cinco minutos, tenta agarrar o jogador às mais de quarenta horas que estão para vir, espalhadas por quatro DVD's. Cinco minutos que, a cada hora de jogo passada fazem mais sentido, que crescem connosco, jogadores na pele de Kaim Argonar.

Argonar é a personagem principal da segunda obra produzida pela Mistwalker para a Xbox 360. Um imortal que já atravessou várias gerações, outras tantas guerras e, consequentemente, sofreu a perda de múltiplos entes queridos. Talvez para se poupar a tamanha dor, Kaim sofre de amnésia, algo que não o deixa saber de onde vem e para onde vai. Porém, os acontecimentos revelados na introdução despertam nele uma ténue memória, algo que o leva a iniciar uma cruzada pessoal para pôr cobro às forças que tentam domar o seu destino.

Com um intervalo temporal de mil anos, é nas várias camadas de história que se cruzam que reside o ponto forte de Lost Odyssey. Locais, pessoas, situações passadas, todos têm um eco no presente que requer uma abordagem distinta, reservando alguns pormenores para aqueles que seguirem a estória com atenção. Não foram poucas as vezes em que a narração do jogo levou as personagens a verdadeiras profundezas emocionais, não deixando ninguém indiferente. O argumento de Lost Odyssey exige dedicação e atenção, não sendo possível jogar e ler uma revista e ver televisão ao mesmo tempo. É um compromisso que com o tempo traz as suas recompensas.

À semelhança da obra cinematográfica de Christopher Nolan, Memento, existem pontos do cenário, sonhos, situações ou conversas que vão fazendo Kaim recordar-se de outros tempos. Algumas destas lembranças têm efeito directo na estória do jogo, enquanto que outras ficam disponíveis sob a forma de pequenos contos que podem ser lidos sempre que a personagem descansa, ou então, numa secção denominada "A Thousand Years of Dreams" que se encontra no menu principal do jogo.

No seu cerne, Lost Odyssey é um Role Playing Game tradicionalmente japonês, ou seja, esperam-vos inúmeros combates aleatórios por turnos. Apesar de ser um sistema de batalha sólido vindo de alguém com imensa experiência no assunto, não deixa de ser algo penoso olhar para um título da actual geração e dar de caras com um sistema de combate que parece ter sido resgatado da década de 90, com raras excepções.

A salvar o combate da insipidez da obra debutante da Mistwalker, Blue Dragon, uma característica faz toda a diferença. A ajudar Kaim na sua aventura existem outras personagens, algumas das quais também imortais. Em Lost Odyssey, os imortais não conseguem aprender habilidades directamente, o que obriga o jogador a criar uma ligação entre um imortal e um mortal, que assim partilham os seus feitiços, técnicas de combate, defesa, e tudo aquilo que dá "cor" aos combates neste género. Com o tempo, os imortais vão aprendendo as técnicas do humano a quem estão ligados.

Se no início estas ligações, parecem ser uma tarefa rotineira, quase como unir dois pontos, com o avançar da aventura vão exigindo cada vez mais estudo ao jogador, representando escolhas complexas, podendo mesmo tornar-se num ponto de ruptura para muitos. Os veteranos destas andanças continuarão a investir tempo na optimização das suas personagens, enquanto os mais imberbes poderão achar a tarefa tediosa.

A completar este manancial de tarefas que se repercutem dentro do campo de batalha, existe ainda o forjar de anéis. Encarado quase como uma profissão, permitará moldar as capacidades das nossas personagens dentro de campo, uma vez que existem anéis disponíveis para inúmeras situações de jogo distintas. Só para terem uma pequena noção do que os anéis abrangem, fiquem com o exemplo do "Jamming Ring" que aumenta o dano infligido em inimigos mecânicos, ou então do "Draining Ring" que permite absorver um pouco de energia ao inimigo durante o combate.

No campo de batalha, a onda revivalista da Mistwalker torna-se óbvia. Também aqui uma característica salva o combate da monotonia. Sempre que atacamos e temos um anel equipado, somos obrigados a fazer coincidir duas auras em movimento. Se formos bem sucedidos, o efeito do anel equipado recebe um bónus o que nos torna mais eficazes em combate. Se nos primeiros encontros é algo refrescante, evitando o estado vegetativo de quem está a jogar, volvidas 25 horas transforma-se num comportamento mecanizado, que pouco acrescenta à acção.

Com isto em mente, podemos dizer que todo o capítulo da jogabilidade é algo paradoxal. Temos uma mecânica por turnos da velha guarda, sustentada por dois arames que podem quebrar a qualquer momento caso o jogador lhes dê uso a mais. Aqueles que comprarem Lost Odyssey à procura da reinvenção do género vão ver as suas expectativas sumariamente goradas. Por outro lado, a falange de jogadores que adora o género, que ainda tem marcados na memória os nomes de RPG's antigos, terá algum gozo a lutar pelo destino de Kaim Argonar.

Sendo uma das obras que tira partido do Unreal Engine 3, o capítulo técnico é bastante sólido. Desde a já mencionada sequência inicial até aos inúmeros cenários visitados, há sempre algo de único para mostrar ao jogador. Se é óbvio que determinadas secções estão melhor conseguidas que outras, no cômputo geral Lost Odyssey não desilude, chegando mesmo a deslumbrar.

No campo das personagens, a Mistwalker parece ter oferecido as ferramentas necessárias para que Takehiko Inoue, um famoso ilustrador japonês, realizasse um trabalho interessante. Aqui, a qualidade atinge o seu pico em alguns dos bosses. A título de curiosidade, fica o nome de um dos inimigos que pode ser encontrado em Lost Odyssey: Blue Dragon.

Mais um Role Playing Game de Hironobu Sakaguchi, mais uma parceria com o compositor Nobuo Uematsu, mais uma banda sonora sublime. Tanto a música ambiente com a música que acompanha as batalhas estão bem conseguidas, mas é nas melodias que pontuam as situações mais marcantes da narrativa que todo o talento do compositor se revela. Momentos emotivos são-no ainda mais, despedidas e reencontros ganham mais força e ficam gravados na nossa memória.

A Mistwalker aprendeu bastante com a primeira obra de Sakaguchi na Xbox 360 e Lost Odyssey espelha isso mesmo. Não obstante uma mecânica de jogo que certamente irá dividir opiniões, a aventura de Kaim representa um dos melhores jogos do género na consola. Para terminar, há apenas que fazer referência a uma característica deste texto. Quem o leu na íntegra, certamente verificou que não houve uma única comparação com Final Fantasy. Existirão outros textos que certamente o farão, porém, deixem Lost Odyssey viver por ele, deixem-no respirar à conta daquilo que os seus criadores fizeram dele. Vão ver que apreciam muito melhor ambas as obras.
 
 
 
Gráficos---9.1
Som---9.8
Duração---9.7
Diversão---9
História---10
Nota-10
 
 
Diogo Silva

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